Atualmente diretor de Operações do Complexo Hospitalar de Niteroi – Grupo Ímpar de Hospitais, Newton Quadros possui quase 30 anos de experiência no segmento médico-hospitalar, já participou de mais de 25 projetos e exerceu cargos de diretoria em algumas empresas, em diversos estados do Brasil, em Luanda, Angola e na Cidade do Panamá. É também organizador do livro Hospital Dia – Um modelo sustentável. O executivo vai presidir a mesa Hospital Dia: modelo de soluções médicas em expansão, no dia 15/09, às 15h30. Especialista em planejamento, implementação e gestão de hospitais, escreveu o seguinte artigo sobre o Ambulatory Surgery Center, também conhecido como ASC, nos EUA.
ASC – Uma indústria que cresce nos EUA
Por Newton Quadros
O Ambulatory Surgery Center, conhecido como ASC, nos EUA, são unidades de saúde modernas, focadas nas cirurgias ambulatoriais, procedimentos diagnósticos e preventivos. O modelo ASC criou uma alternativa segura e competitiva, para milhões de norte americanos, no segmento de out patient.
Até mesmo na comparação com o modelo Hospital Out Patient Departament – HOPD, há ganhos na redução de custos operacionais, ao ponto de motivar os sistemas Medicare e Medicaid, ambos do Governo Norte Americano a direcionar determinados procedimentos, exclusivamente para os ASCs. Dados do Governo mostram que são destinados, atualmente 58% a mais dos recursos pagos pelo Medicare para os ASCs, do que para os HOPD e a tendência é aumentar.
Os ASCs são regulados por leis federais e estaduais nos EUA. Existem atualmente um processo rígido de liberação de licenças para funcionamento, há certificações promovidos pelo Medicare, com inspeções federais, além de certificações voluntárias de Acreditação. Há organizações independentes para acreditação dos ASCs, a exemplo de, The Joint Commission, The Accreditation Association for Ambulatory Health Care (AAAHC), a American Association for Accreditation of Ambulatory Surgery Facilities (AAAASF) e a American Osteopathic Association (AOA). A própria indústria dos ASCs criou o ASC Quality Collaboration, que é uma entidade independente que promove ações para o aumento da qualidade e segurança nos ASCs e muitos dos seus padrões já foram endossados pela National Quality Forum – NQF.
O fortalecimento deste modelo muda o foco adotado por muito países, onde a atenção à saúde ainda está muito centrada nos hospitais gerais e convencionais. Há um ganho evidente, no que se refere aos custos da assistência à saúde. O Medicare por exemplo, divulga uma economia media de 2.5 a 3 bilhões de dólares por ano, ao direcionar tratamentos específicos para estas unidades, quando comparadas aos mesmos tratamentos realizados em hospitais. Já são mais de 3.500 procedimentos autorizados pelo Medicare para realização em ASCs.
Hoje já existem nos EUA mais de 5.500 ASCs em pleno funcionamento. Esta indústria já superou a receita bruta de 90 bilhões de dólares por ano e emprega cerca de 120 mil profissionais. Um dos grupos de maior sucesso neste segmento nos EUA é o AMSURG, que atua em 34 estados, com um total de 235 unidades. A principal estratégia empresarial da AMSURG é o estabelecimento de relações societárias com médicos.
No Brasil, esta industria ainda é pouco organizada, porém isto pode mudar, com a liberação de participação de capital estrangeiro na área hospitalar, desde janeiro deste ano. Grupos de investidores oriundos dos EUA já demonstram interesse no potencial de crescimento deste mercado, em terras brasileiras. Há condições de ofertar serviços de saúde mais competitivos, em um momento em que o índice médio de sinistralidade das seguradoras especializadas em saúde atinge 85,8%, o das empresas de medicina de grupo atinge 82,4%, o das cooperativas médicas atinge 82,7% e o das empresas de autogestão chega a 93,4%, dados divulgados no Boletim da Saúde Suplementar, edição 09, junho da 2015, pela FenaSaúde, baseados no DIOPS e SIB da ANS.