Nas duas últimas décadas, tenho tido a sorte de conhecer muitos empresários, em diversas regiões de nosso país e do continente. Eliminando especificidades de cada negócio, das famílias e traços de personalidade específicos, observo neles um fio condutor de excelência, paixão e compromisso. Senão vejamos:
1. Acostumados a correr riscos e às contingências da atividade econômica, movem-se com relativo conforto no ambiente incerto e mutável do mundo dos negócios.
2. Na maior parte dos casos, seus talentos e habilidades não estão – necessariamente – alinhados com seu caminho educacional. Não é incomum conhecermos os casos de estudantes brilhantes que não se destacam em suas carreiras; é frequente encontrar estudantes de performance discreta, que se transformam em empreendedores de sucesso. Entre as características principais, podem ser destacadas a intuição, o interesse pela vida de negócios e a agilidade mental.
3. Demonstrando um poder mental jovem – mesmo estando além da meia-idade – sua atitude exala entusiasmo e motivação. Amam o que fazem, demonstrando esse fato em diversas ocasiões.
4. A análise detalhada do negócio e a utilização dos instrumentos clássicos de gestão não são o seu forte. Todo o resto é o aperitivo da ação de criar riqueza a cada dia.
5. Orientados para as pessoas profissionais, o seu círculo de relações tende a ser rico em quantidade e qualidade. Liderados por sua vocação e paixão, dois perfis se destacam em seu expediente diário: conquista de clientes e atenção aos funcionários. Atuam para que os clientes venham a fazer parte do cadastro da empresa, com preferência para a qualidade e prestação de serviços. Quanto à relação com os funcionários, muitas vezes surpreendem pela sua exigência de conhecimentos, profissionalismo e calor humano.
6. Os fatores propriedade econômica, legal e emocional fazem com que incorporem um forte senso de responsabilidade em sua vida. Para eles, liberdade e responsabilidade andam juntas, aguçando sua inteligência e sabedoria. Em algumas situações comportam-se como pessoas com baixa taxa de aversão ao risco; em outras ocasiões, cautelosos e conservadores.
7. Comportando-se como estadistas, seu horizonte de tempo é estendido ao infinito. No íntimo, enxergam o horizonte em que sua luz se apagará e a saga da empresa continuará nas mãos da próxima geração. No cenário de curto prazo, não se deixam apanhar pela visão míope e pelas emergências do dia a dia. A partir de um tempo presente vivido intensamente, sonham e trabalham por um futuro promissor: de crescimento e muito mais sucesso.
Não confundem sobrenome com profissionalismo e competência. Sabem, desde cedo, que nem todos os membros da família devem ocupar cargos importantes no organograma do negócio. Apenas aqueles que conseguirem agregar conhecimento, experiência, trabalho profícuo e valor para o patrimônio que construíram com muito esforço.
Acreditam que um quadro negativo se criará, caso a família – cada familiar – não se importe com o destino da empresa, dos negócios.
Implementar em ritmo lento, mas seguro, o desenvolvimento e consolidação de um estilo de gestão participativo é uma tarefa urgente.
Delegar é a solução, ainda que contra a tendência natural de gestão do negócio, em que acreditam.
O gosto por perceber “detalhes” da realidade dos negócios pode facilmente desenvolver uma personalidade perfeccionista, de caráter quase obsessivo; difícil para voltar atrás e dar espaço para outros.
Entendem que o processo (dilema) de sucessão deve fluir com facilidade e simplicidade. Veem o caso de inúmeras empresas familiares bem-sucedidas, reunindo inteligência e espírito empreendedor da primeira geração com maior preparação daqueles familiares que serão chamados para a gestão, no futuro.
Geradores de riqueza, criadores de emprego, os empresários familiares formam uma variedade do tecido sociocultural nacional. Devem ser protegidos e incentivados.