Vive-se um momento curioso na Medicina e na atenção à Saúde, como um todo.
É 2016 e, apesar da humanidade já ter feito coisas incríveis como ter mapeado todo o genoma e ser capaz de operar à distância usando um robô, é desanimador constatar que a Medicina ainda falha no principal propósito de qualquer negócio: entregar o que as pessoas precisam.
Isso não é opinião própria. É constatação: o approach atual, focado em doença, consultas esporádicas, exames e hospitais, influencia apenas 10% da saúde e bem-estar das pessoas, segundo análise do CDC. Tanto que há que diga que não temos health care. Apenas sick care (e bem caro, diga-se de passagem. Nos EUA, os gastos em saúde já aumentam com velocidade 2,5 vezes maior que o crescimento da economia)
Ao mesmo tempo, a quantidade de dados relacionados à Saúde aumenta em velocidade que nossos cérebros (e nossos sistemas atuais de análise) são incapazes de processar. Exemplos:
– Atualmente, se um médico quiser se manter atualizado em tudo que é publicado em sua especialidade, ele teria que estudar durante cerca de 167 horas/semana. E não vai ficar mais fácil: já foi quantificado que, até 2020, o conhecimento médico vai dobrar a cada 73 dias.
-Uma pessoa gera o equivalente a 300 milhões de livros em informações sobre sua saúde (considerando dados genéticos, exames, medidas de wearables, etc),
– Um paciente com câncer chega a gerar um terabyte de dados diariamente, entre exames de imagem, dados de prontuário e de monitorização.
– A quantidade desses dados que é analisada no mundo, hoje, é de 0,5%.
No cenário atual, trabalho duro e boas intenções dos médicos, além de experiência de gestores já não são suficientes para garantir um cuidado eficiente e de alta qualidade. É necessário que os gestores abandonem o limitado e tradicional modelo e reajustar o foco, visando mergulhar nos dados de suas instituições em busca de insights para melhorar o cuidado, acelerar a inovação e reduzir os custos.
As instituições que saírem na frente na busca de ferramentas que permitam transformar seus dados em conhecimento vão definir o futuro da atenção à Saúde. Um futuro que, certamente, vai impactar em mais do que 10% da saúde de um ser humano.
Texto publicado por Mariana Perroni no LinkedIn, em 3 de fevereiro de 2016